Como entender Lucas 23:43: “estarás comigo no paraíso” - Evidências Proféticas | blog adventista

18/10/2011

Como entender Lucas 23:43: “estarás comigo no paraíso”

divulgue esta postagem:
Como entender Lucas 23:43? Teria Jesus realmente prometido ao ladrão arrependido que naquela mesma sexta-feira ele estaria no paraíso?

Nos manuscritos originais, como no texto de Lucas 23:43, não havia pontuação como hoje. Nem tinha o “que”, partícula que complica o entendimento do texto. Os textos eram escritos sem pontuação e geralmente com as palavras todas ligadas, assim (já transliterado):

 “kaieipenautôamensoilegosemeronmetemoueseentôparadeisô.”

Em português: “Edisseaeleemverdadeatidigohojeestaráscomigonoparaíso.”

Separando-se as palavras: “E disse a ele em verdade a ti digo hoje estarás comigo no paraíso.”

O entendimento do texto depende do lugar em que colocamos a pontuação, especialmente em relação ao advérbio de tempo “hoje”. Vejamos as duas possibilidades de pontuação:

1. “E disse a ele: Em verdade te digo, hoje estarás comigo no paraíso.” Por essa maneira de pontuar, colocando-se a vírgula antes de “hoje”, o texto quer dizer que foi prometido ao ladrão arrependido que naquela mesma sexta-feira ele estaria com Jesus no paraíso. Tal tradução, porém, vai contra os ensinamentos da própria Bíblia quanto ao momento da recompensa, que, para os justos, será na ocasião da segunda vinda de Cristo (Mt 25:31-34; lTs 4:16) e, para os ímpios, após o Milênio (Ap 20:5,7-9), e não quando se morre.

2. “E disse a ele: Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso.” Essa maneira de traduzir, combinando o advérbio de tempo “hoje” com o verbo “digo”, está de acordo com outras expressões bíblicas similares como, por exemplo, “Eu te ordeno hoje” (ver Êx 34:11; Dt 4:40, etc). Além dessa concordância gramatical, essa maneira de traduzir o texto está de acordo com o ensinamento bíblico de que a recompensa para os justos será dada na segunda vinda de Cristo, e para os ímpios, após o Milênio, e não por ocasião da morte (como visto no parágrafo anterior). Por esse modo de tradução do texto, a promessa ao ladrão arrependido teria sido de que ele estaria no paraíso quando Jesus “viesse no Seu reino” (Lc 23:42) e não ao morrer naquela sexta-feira da crucificação.

A opção pela primeira maneira de traduzir o texto apresenta sério questionamento: teria Jesus mentido ao ladrão arrependido, visto que Ele não foi ao paraíso naquela sextafeira? No domingo pela manhã, Jesus disse a Maria Madalena: “Não Me detenhas; porque ainda não subi para Meu Pai” (Jo 20:17). Ora, se Jesus, no domingo cedo, não havia ainda ido ao paraíso, como teria estado nesse lugar, na sexta-feira, com o ladrão arrependido? O Novo Testamento é claro em dizer que Jesus é Deus, e “é impossível que Deus minta (Hb 6:18).

A opção pelo segundo modo de se traduzir o texto está de acordo com outras expressões bíblicas, nas quais aparece o advérbio de tempo “hoje” com verbos similares a “digo” como “ordeno”, “falo”; está de acordo com o ensinamento bíblico de que a recompensa não é dada quando se morre, mas por ocasião da segunda vinda de Cristo (para os justos) e após o Milênio (para os ímpios); além de estar de acordo com o próprio pedido do ladrão: “Lembra-te de mim quando vieres no Teu reino” (Lc 23:42).

Com a promessa feita ao ladrão, Jesus estava dizendo a ele: “Estou lhe dizendo hoje, agora: Morra tranquilo! Descanse confiando no que estou lhe dizendo hoje: Você vai estar comigo no paraíso.”

Essa mesma promessa pertence a todo aquele que enfrenta o “vale da sombra da morte”. Um dia Jesus virá e ressuscitará todo aquele que fez dEle seu Salvador e morreu confiando nEle, que é “ressurreição e a vida” (Jo 11:25). Não é essa uma doce e confortadora promessa?

Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor do Salt, campus Engenheiro Coelho, SP.

1 comentários:

Marco disse...

A versão Ferreira Atualizada traduz assim Mateus 26:64:

"Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que, DESDE AGORA, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu."

Pela lógica dos que defendem ter Jesus garantido ao ladrão que estariam ambos no paraíso naquele mesmo dia, todos aqueles que participaram do interrogatório de Cristo perante o sinédrio naquela noite de quinta para sexta-feira deveriam, até o último de seus dias, ter sempre diante dos olhos a cena da segunda vinda de Nosso Senhor.

Como se vê, a hermenêutica desses apologetas é peculiaríssima.

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