Um estudo divulgado pela revista americanaPediatrics na segunda-feira, 8 de agosto, revelou que a puberdade está ocorrendo cada dia mais cedo nas garotas. O desenvolvimento dos seios, por exemplo, tem começado em média entre os 7 e 8 anos. Segundo os pesquisadores, as causas mais prováveis são a alimentação rica em gordura, que estimula a produção dos hormônios, e a presença de substâncias químicas que imitam os efeitos do estrogênio no organismo das meninas. A pesquisa, liderada pelo Dr. Frank M. Biro, é a última de uma série de estudos que buscam descobrir por que as meninas estão se tornando adolescentes cada vez mais cedo e quais os efeitos que isso pode causar à sua saúde na vida adulta. A questão é motivo de preocupação, tanto por razões médicas quanto psicológicas. Alguns estudos sugerem que a puberdade precoce, medida a partir da primeira menstruação, pode aumentar ligeiramente o risco de câncer de mama, já que a garota passa a ter uma exposição prolongada a hormônios como estrogênio e progesterona, que podem estimular alguns tumores.
Apesar da última pesquisa se basear no crescimento dos seios, e não na primeira menstruação, esse fator também é um demonstrativo de exposição hormonal e alguns pesquisadores defendem que isso também poderia significar um aumento do risco de câncer.
Do ponto de vista psicológico, os especialistas garantem que a experiência de ter o desenvolvimento mental diferente do físico pode ser traumática para algumas meninas, já que elas ainda não estão preparadas para lidar com as reações sexuais masculinas ou com os próprios impulsos hormonais do seu corpo.
A pesquisa avaliou o desenvolvimento de 1.239 meninas entre 6 e 8 anos, divididas em quatro grupos: brancas, negras, latinas e asiáticas.
Segundo Biro, que também é diretor de hebiatria do Hospital Cincinnati Children, os resultados mostraram que garotas brancas entraram na puberdade antes do período previsto, enquanto as negras iniciaram a adolescência, em média, antes das demais.
Garotas acima do peso também apresentaram desenvolvimento precipitado, enquanto as crianças com peso normal não apresentaram alteração na idade de início da puberdade. Apesar desse dado, o diretor da pesquisa não acredita que o nível de gordura seja o único fator relevante.
A possibilidade de fatores ambientais, como ingestão de substâncias químicas, aumentarem os níveis hormonais antes da hora estão sendo investigados pela equipe, que está avaliando a exposição dessas garotas a diversos componentes químicos.
“Essa é certamente uma séria bandeira de advertência”, afirmou Dr. Biro em entrevista ao New York Times. “Eu acho que devemos repensar tudo a que estamos expondo os nossos corpos e os corpos dos nossos filhos. Esse é um forte aviso que nós devemos prestar atenção.”