Cidade do Vaticano, 25 jan 2012 (Ecclesia) – Bento XVI pediu hoje aos católicos que procurem a “unidade visível” entre todos os cristãos, assinalando o fim da Semana de Oração por esta causa, que decorre anualmente entre os dias 18 e 25.
“Peçamos o dom da unidade visível entre todos os crentes em Cristo - que invocamos com força nesta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos - para estarmos prontos a responder a quem procura as razões da esperança que está em nós”, disse, na audiência pública desta semana, que decorreu na sala Paulo VI, do Vaticano.
As principais divisões entre as Igrejas cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia (Igreja Copta, do Egito, entre outras); no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente (Igrejas Ortodoxas); no século XVI, com a Reforma Protestante (Luteranismo, Calvinismo) e, posteriormente, a separação da Igreja de Inglaterra (Igreja Anglicana).
O Papa afirmou que a unidade “é uma realidade secreta habita no coração dos crentes”, mas deve também “aparecer com toda a clareza na história” e ser “a fonte da eficácia da sua missão no mundo”.
A Semana de Oração é dedicada em 2012 ao tema ‘Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo’, frase apoiada na carta bíblica de São Paulo aos Coríntios.
Bento XVI prosseguiu esta manhã o ciclo de catequeses sobre a “oração de Jesus”, abordando os momentos que antecederam a sua morte, nos quais “pede sobretudo a unidade futura de todos os que acreditarem nele”.
“Esta unidade deriva da unidade divina que chega até nós do Pai pelo Filho e no Espírito Santo”, declarou.
Em português, o Papa observou que “a chamada ‘Oração Sacerdotal’ de Jesus na Última Ceia é inseparável do seu sacrifício, no qual se consagra inteiramente ao Pai” e “reza pela Igreja, pedindo a unidade de todos os cristãos”.
“Sacerdote e vítima, Cristo reza por si mesmo, pelos Apóstolos e pela Igreja de todos os tempos: Para Si próprio, pede uma obediência total ao Pai, que O conduza à plena condição filial. Para os Apóstolos, pede a consagração na verdade, para continuarem a missão dele; para isso, devem ser consagrados, isto é, segregados do mundo, colocando-se à disposição de Deus para a missão que lhes está reservada, e, deste modo, postos à disposição de todos”, prosseguiu.
Neste sentido, indicou Bento XVI, “a Igreja continua a missão de Cristo: conduzir o mundo para fora do pecado, que aliena o homem de Deus e de si mesmo, para que volte a ser o mundo de Deus”.
O Papa saudou os peregrinos de língua portuguesa, propondo como “modelo de vida” o Apóstolo São Paulo, cuja conversão hoje se celebra, no calendário litúrgico católico, deixando “um abraço que se alarga a todos os cristãos na conclusão do Oitavário de Oração pela sua Unidade”.
“A conversão, nos arredores de Damasco, do Apóstolo dos Gentios [Paulo] é a prova que, em definitivo, é o próprio Deus a decidir sobre a sorte da sua Igreja”, sustentou.
Esta tarde, às 17h30 (horário de Roma), na Basílica de São Paulo fora dos Muros, Bento XVI preside a um momento de oração para o qual estão convidados representantes de todas as Igrejas e comunidades cristãs da capital italiana.
Nota: "Não conseguimos ver como a Igreja romana poderá desembaraçar-se da acusação de idolatria. ... E esta é a religião que os protestantes estão começando a encarar com tanto agrado e que finalmente se unirá com o protestantismo. Esta união não será, porém, efetuada por uma mudança no catolicismo, pois Roma não muda. Ela declara possuir infalibilidade. É o protestantismo que mudará. A adoção de idéias liberais, de sua parte, o conduzirá ao ponto em que possa apertar a mão do catolicismo." Review and Herald, 1º de junho de 1886