“Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora um tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até por ser negado”, assinala, na carta apostólica «A porta da fé», hoje publicada pelo Vaticano.
Após ter anunciado este domingo a convocação de um «ano da fé» entre outubro de 2012 e novembro de 2013, para assinalar os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965), o Papa explica no seu novo documento os objetivos da iniciativa.
“Pareceu-me que fazer coincidir o início do ano da fé com o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos padres conciliares”, justifica Bento XVI.
Na carta apostólica destaca-se que a ação da Igreja deve ter em conta as “muitas pessoas que, embora não reconhecendo em si mesmas o dom da fé, vivem todavia uma busca sincera do sentido último e da verdade definitiva acerca da sua existência e do mundo”.
“Nos nossos dias mais do que no passado, a fé vê-se sujeita a uma série de interrogações, que provêm de uma diversa mentalidade que, particularmente hoje, reduz o âmbito das certezas racionais ao das conquistas científicas e tecnológicas”, aponta ainda.
O Papa apela ao reforço da “caridade” e recorda, nesse sentido, os cristãos que “dedicam amorosamente a sua vida a quem vive sozinho, marginalizado ou excluído, considerando-o como o primeiro a quem atender e o mais importante a socorrer, porque é precisamente nele que se espelha o próprio rosto de Cristo”.
“A fé, precisamente porque é um ato da liberdade, exige também o assumir da responsabilidade social daquilo que se acredita”, precisa.
O «ano da fé» tem início marcado para 11 de outubro de 2012, no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II e vinte anos após a publicação do Catecismo da Igreja Católica, coincidindo com a próxima assembleia do Sínodo dos Bispos, que tem como tema «A nova evangelização para a transmissão da fé cristã».
“Também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor duma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé”, escreve Bento XVI.
O Papa sublinha a importância da pertença à Igreja, observando que “o conhecimento dos conteúdos de fé é essencial para se dar o próprio assentimento, isto é, para aderir plenamente com a inteligência e a vontade a quanto é proposto pela Igreja”.
A iniciativa de Bento XVI quer promover um “esforço generalizado em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé, que têm no Catecismo da Igreja Católica a sua síntese sistemática e orgânica”.
“Com tal finalidade, convidei a Congregação para a Doutrina da Fé a redigir, de comum acordo com os competentes organismos da Santa Sé, uma Nota, através da qual se ofereçam à Igreja e aos crentes algumas indicações para viver, nos moldes mais eficazes e apropriados, este ano da fé ao serviço do crer e do evangelizar”, revela.
Fonte: Ecclesia
Nota: Já sabemos onde a "descoberta dos conteúdos fundamentais da fé do Catecismo Católico" irá levar a humanidade. Veja o que o Catecismo Católico ensina sobre a substituição do sábado para o domingo como dia de descanso.
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