Por trazer uma série de complicações para a mulher, a depressão pós-parto é alvo de investigação de especialistas a fim de encontrar formas de preveni-la e combatê-la. Um estudo publicado, pelo International Journal of Obstetrics and Gynaecology, mostra que a violência doméstica é muito comum entre mães que relatam depressão pós-parto. Das mulheres analisadas que apresentaram sintomas depressivos, 40% relataram atos violentos dentro de casa.
Conduzida pelo Murdoch Childrens Research Institute, na Austrália, a pesquisa teve o recrutamento de 1.305 mulheres em seis hospitais públicos. Todas estavam entre seis e 24 semanas de gestação. Elas responderam a um questionário no momento da adesão ao estudo e depois aos três, seis e doze meses após o parto. As informações sobre depressão foram coletadas em todos os momentos, enquanto a informação sobre violência íntima foi coletada apenas aos 12 meses após o nascimento.
Os pesquisadores observaram que 60% das mulheres relataram sintomas de depressão nos 12 primeiros meses após o parto. Sintomas associados a essa doença incluíam abuso emocional, abuso físico, depressão na gravidez e desemprego no início da gestação. Uma em cada seis mães relatou violência doméstica no primeiro ano após o nascimento do bebê. Violência emocional foi mais comum que violência física (14% versus 8%).
Esses achados indicam que as mães devem ser acompanhadas pela equipe de saúde por mais tempo, já que a maioria não faz seguimento clínico após seis meses do nascimento do bebê, período em que, segundo o estudo, as chances de depressão pós-parto são maiores.
O papel da família na depressão pós-parto
Segundo o ginecologista Aléssio Mathias, o apoio familiar é essencial para que a mãe enfrente a fase pós-parto sem grandes riscos de depressão. “As novas tarefas exigidas pela maternidade, às vezes, são exaustivas em um primeiro momento, deixando a mulher estressada e confusa sobre seus sentimentos”, conta. Portanto, o papel da família é tranquilizar a nova mamãe, assegurando que a fase de estranhamento e estresse seja transitória.
Após o nascimento do bebê, a mulher se mostra mais fragilizada devido à mudança hormonal e à nova situação familiar. O fato de não contar com o parceiro, seja porque ele trabalha muito ou é ausente, pode interferir nesse momento, pois normalmente filhos são frutos de um projeto do casal. Se a expectativa feminina é a de ter o companheiro presente, ela deve conversar com ele a respeito de suas necessidades. O apoio familiar e de amigos é bem-vindo, mas não substitui a falta ou a expectativa que ela se sente em relação ao cônjuge
Atenção aos sintomas
Os sintomas da depressão pós-parto variam de leves a graves. “Eles são inúmeros e podem se iniciar com choro sem motivo, irritabilidade, intolerância ao marido e familiares, insônia, inapetência, agressividade e passividade”, conta Aléssio Mathias.
A mulher em depressão pós-parto, raramente apresenta alteração na capacidade de cuidar do seu bebê. Ou seja, ela não o abandona a própria sorte. Essa dificuldade acontece somente nos casos mais graves. Nessas circunstâncias, os médicos podem indicar a introdução da medicação até a situação ser normalizada.
Fonte: Minha Vida.