Quase três décadas depois de Emanuela Orlandi ter desaparecido misteriosamente, o conhecido padre Gabriele Amorth disse ao jornal italiano La Stampa que a jovem, então com 15 anos, foi raptada por um grupo que envolvia polícias do Vaticano e diplomatas estrangeiros na Santa Sé, para festas de sexo.
Na entrevista, citada pelo The Telegraph, aquele sacerdote, que foi nomeado o principal exorcista do Vaticano pelo Papa João Paulo II, acabou por dar uma versão que há muitos anos ganha consistência: que, após o rapto para fins sexuais, Emanuela terá sido assassinada e o seu cadáver ocultado.
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Por na altura ser uma jovem que vivia com os pais no Estado da Santa Sé, o assunto tornou-se um dos maiores tabus para o Vaticano, desde que ocorreu o desaparecimento, naquele verão de 1983.
"Tratou-se de um crime com motivação sexual. As festas eram organizadas e um gendarme (do Corpo da Gendarmaria, a polícia do Estado da Cidade do Vaticano) atuava como angariador de meninas", explicou Amorth, ao La Stampa.
O atual presidente honorário da Associação Internacional de Exorcistas acrescentou ainda: "A rede envolvia pessoal diplomático de uma embaixada estrangeira na Santa Sé. Acredito que Emanuela acabou por ser vítima desse círculo".
O sacerdote sustenta as suas afirmações com informações obtidas por um arquivista do Vaticano, que indicavam a possibilidade de Emanuela ter sido sequestrada para fins de exploração sexual, descartando assim outras teorias que têm sido apontadas nas investigações ao longo de três décadas.
Há cerca de um mês o porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, rejeitou as teses de encobrimento do caso pelas autoridades. Uma reação que surgiu após o promotor-assistente do caso, Giancarlo Capaldo, ter garantido que "ainda existem pessoas vivas, e no interior do Vaticano, que conhecem a verdade".
O caso 'Emanuela Orlandi' há muito que ensombra o Corpo da Gendarmaria. Após a morte do pai, é o irmão da jovem, Pietro Orlandi, que se tem batido pela descoberta da verdade, conseguindo angariar 80 mil subscritores numa petição que exige à Igreja Católica a revelação dos arquivos deste processo.
Aquando do desaparecimento, o pai de Emanuela, Ercole, trabalhava no departamento responsável pelas funções papais. O Papa João Paulo II chegou a apelar publicamente, por oito vezes consecutivas, para a sua libertação.
No dia do desaparecimento, a 22 de Junho de 1983, quando a jovem tinha participado numa aula de música, o progenitor ainda recebeu contactos telefônicos que associavam o episódio a Ali Agca, o atirador turco que tentou assassinar o João Paulo II, em maio de 1981. Mas essa pista foi descartada.
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